Uma vez ouvi uma explicação bem peculiar para a expressão “mídia social”.
Era para fazer frente, dizia o interlocutor – entre um tom professoral e uma pose jocosa -, ao jornalismo convencional.
Segundo o mestre observador, há tempos o jornalismo teria deixado de perceber os interesses da sociedade como palco e pano de fundo.
De fato, com redução de aderência ao social – entre outros gargalos -, o jornalismo viu a “mídia social” ocupar o espaço.
Quase que paralelamente, veio o “jornalismo investigativo”. Para investigar, segundo a mesma lógica da “mídia social”.
Faz certo sentido. Se um dia ficarmos sem assessorias de imprensa, deixaremos de ter o que ler, ouvir e assistir em muitos veículos – pequenos, médios e grandes.
Sem drama. Sabemos que quanto mais releases, menos jornalismo. Aqui meu apreço a quem olha o apoio de assessores como ponto de partida e não como ponto de chegada.
Resumindo até aqui: com uma cobertura sofrível, o ex-bom jornalismo, que já padecia da ausência do “social” também teria deixado de ser “investigativo”.
Agora, o mundo se debruça sobre as famigeradas fake news.
Uma provocação: não teria sido a transformação para pior, do jornalismo de outrora no atual, o ovo da serpente que desafia governos, instituições e a própria democracia?
Haveria espaço para o acachapante fenômeno das fake news se, atualmente, existisse jornalismo – sem segunda palavra ou aspas -, relevante, consistente e com credibilidade, a que o jocoso professor se referiu?