Quem ganha e quem perde com o adiamento das eleições

Coluna Erivaldo Carvalho, edição desta sexta, 3/7, do jornal O Otimista

Palácio do Bispo, no Centro da Cidade, sede oficial da Prefeitura Municipal de Fortaleza

O empurrão para frente de 42 dias que o Congresso Nacional deu no calendário eleitoral de 2020 suscita a seguinte pergunta: as novas datas, 15/11 para o 1º turno, e a 2ª votação no dia 29/11, é potencialmente vantajoso para quem? Governistas ou opositores? Dependendo do ângulo de visão, tanto num campo quanto no outro há ganhos e perdas – a estratégia de lado a lado é que vai dizer. No caso de Fortaleza, por exemplo: não há dúvidas de que pelo menos três pré-candidatos já estão em campanha. A maioria, boa de redes sociais, não perde oportunidade de bater na gestão e se vender como bom peixe para o distinto público. Claro que há outras variáveis, mas grosso modo, esse pelotão ganhou quase um mês e meio de exposição extra. Sabemos, porém, que luz demais cega. Está, constantemente, sob fortes holofotes é andar em campo minado. Qualquer vacilo pode ser fatal.

Na órbita do Paço Municipal, há cerca de meia dúzia de pré-candidatos. Pelo novo cronograma, o último dia de convenções partidárias é 16/9. Mantida a lógica do grupo governista, estamos falando de definição do nome no meio do mês de setembro. Dependendo de quem seja o ungido, será uma corrida contra o tempo. O lado bom: se até lá, a pauta da pandemia virar e houver um vistoso cronograma de inauguração de obras, o candidato da situação poderá ganhar forte musculatura eleitoral e fôlego de atleta. Numa metáfora automobilística, diríamos que o adiamento das eleições, por conta do coronavírus, é uma espécie de safety car. Com a grande diferença de que na corrida eleitoral, ultrapassagens não estão proibidas. São incógnitas que somente a campanha, propriamente, decifrará.

Fake News e Big Brother
Londres é uma das cidades mais vigiadas do mundo. Um morador lá pode ser observado, diariamente, por até 300 câmeras. A Big Brother inglesa é também um dos locais mais seguros do planeta. O raciocínio é simples: segurança versus privacidade. Aplicado às fake news, é como afirmar que redes sociais só deixarão de ser terra de ninguém se e quando houver mecanismos mínimos de monitoramento e responsabilização. A questão é: qual o limite entre controle e liberdade de expressão?

Se é Bayer, é bom
Aprovado no Senado, o projeto de lei das fake news vai agora aos deputados federais e, se passar, chegará à mesa de Jair Bolsonaro. O presidente, contudo, já declarou que a matéria não “vinga”. Ou seja, poderá vetá-la. Por linhas tortas, o Planalto acabou dando a maior força à matéria, que já mobiliza boa parte da opinião pública. Se Bolsonaro, tido e havido como beneficiário de mentiras e distorções na internet, é contra o projeto, é porque a proposta deve ser o que há de mais redentor para a nação brasileira.

Tasso, pandemia e Bolsonaro
Quem disse que Bolsonaro, mesmo negacionista, não está sendo beneficiado pela pandemia? Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a grave situação sanitária de Covid-19 que o País atravessa é o que está poupando o presidente de um processo de impeachment. Em entrevista ao portal UOL, o tucano definiu o atual governo como “absolutamente desastroso” e pintou um cenário econômico de “recessão sem precedentes”. As três crises – sanitária, econômica e política –, disse, criaria um ambiente de caos.

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