Da Coluna Erivaldo Carvalho, do jornal O Otimista, edição desta segunda, 6:
Entre trancos, barrancos e o debate político contaminado (sem trocadilho) pelo novo coronavírus, neste mês de julho deveremos ter um ensaio geral para o retorno das atividades presenciais nos parlamentos. A intenção é plausível. As sessões remotas, impensáveis há poucos anos, cumprem seus objetivos – mesmo limitados. Um mosaico de rostos numa tela nunca substituirá uma casa política. E nem é esse o objetivo. São paliativos, impostos pelas circunstâncias. Parlamentos são organismos vivos da democracia. Nestes, plenário, tribuna, comissões, departamentos e corredores são órgãos e artérias vitais, por onde pulsam as decisões que ressoam e ajudam a moldar a realidade aqui fora. Esse é o lado positivo.
O lado negativo está aí: o País sequer conta com ação técnica confiável do governo federal. Cada estado faz o que pode. Municípios, idem. Há uma imensa disparidade de curvas de infecções e mortes, dependendo do local observado. A retomada precoce dos trabalhos presenciais nos parlamentos trará um brutal impacto nesses cenários. É reconfortante saber que dirigentes das casas – Congresso, assembleias e câmaras -, estão, até agora, ancorados na retórica epidemiológica. Dizem que, nos trabalhos presenciais, serão adotados todos os protocolos de segurança e prevenção. Mais do que isso, é preciso parcimônia. Sabemos que uma campanha eleitoral vem aí, há assuntos relevantes a serem definidos e um recesso branco entre um e outro. O tempo político, portanto, urge. Mas o bom senso salva vidas. O Brasil está aprendendo a lição da pior forma. Não precisamos dessa aula de reforço.