Bolsonaro, auxílio emergencial e a lição de Maquiavel

Bolsonaro e o Ministro da economia discutem a volta do auxílio emergencial

Uma das mais conhecidas lições de Maquiavel diz que o príncipe deve fazer o mal de uma vez e o bem aos poucos. A dica sempre fez sucesso entre os políticos, em todos os tempos e lugares – inclusive no Brasil. Vejamos o caso do auxílio emergencial. Como o próprio nome diz, é um apoio financeiro básico do básico, para quem não sabe o quê nem quando será a próxima refeição minimamente digna. Desde o meio do semestre do ano passado já se sabia que a pandemia de covid-19 entraria 2021 com muita força. Mesmo assim, nada foi feito.

Vieram as eleições municipais, o recesso parlamentar e a disputa pelo novo comando do Congresso, para somente agora se voltar a discutir a retomada do auxílio emergencial. Estamos descambando para o final da primeira quinzena do segundo mês do ano, e o País ainda não tem Orçamento Federal – onde o auxílio será debatido. Sequer a Comissão Mista, que trata do assunto, foi instalada. Isso, depois de ter ficado para trás a última parcela recebida pelos brasileiros “invisíveis” – que há semanas já sentem o efeito do fim da primeira versão do auxílio.

Um dos problemas dos políticos é a máxima “bocado comido, bocado esquecido”. Com as exceções de sempre, eles preferem a própria imagem, apoteótica, sob holofotes, anunciando a retomada do benefício social, do que a segurança alimentar de milhões. Pouca gente se dá conta, mas generosidade também é uma das formas de mostrar poder. Por que, então, políticos preferem a frieza à sensibilidade social? Essa aí tem de perguntar ao florentino, autor de O Príncipe.

Sob nova direção, pode inaugurar nova fase
Passaram-se poucos dias para o governo Bolsonaro pegar outro ritmo. Com a chegada do centrão à cúpula do Congresso, há uma pauta prioritária a ser debatida e aprovada – auxílio, orçamento, reformas etc -, e até mesmo a dança das cadeiras. Mesmo a conta-gotas, parte do primeiro escalão e grandes áreas do segundo ganharão novos rostos. O presidente dá sinais de ajustes ao discurso em relação à pandemia e o impeachment vai perdendo força. Isso, mais a injeção bilionária do socorro social, o Governo Federal pode, efetivamente, inaugurar nova fase.

O que Lula diz querer
Ao fazer o enfrentamento à Lava Jato, via vazamentos e suposta parcialidade do ex-ministro Sérgio Moro, o ex-presidente Lula estaria mais interessado em limpar a biografia do que recuperar as condições jurídicas e políticas para vir a disputar o Planalto. Não foi por coincidência que o petista lançou Fernando Haddad como pré-candidato à sucessão de Bolsonaro.

O que Lula pode fazer
O problema na estratégia de Lula é ele mesmo, que já demonstrou, mais de uma vez, usar de artimanhas e cortina de fumaça para conseguir os objetivos. Ou alguém duvida que uma vez com as penas e processos anulados, livre e desimpedido, o petista não queira se candidatar, com uma guinada na sucessão, como nunca se viu na história desse país?

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