A semana do “Dia D” e da “Hora H” – ou não

Dois ex-ministros, duas peças-chave. A semana começa sob a expectativa dos depoimentos de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello (Saúde) à CPI da Covid, em Brasília. Este último, a depender do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), se o general é testemunha ou investigado pela comissão. Disso poderá brotar o direito do militar a manter-se em silêncio. Pazuello foi o que ficou mais tempo no cargo durante a pandemia e, justamente por isso mesmo e vice-versa, demonstrou dedicação canina ao presidente Bolsonaro. Se a Corte máxima da Justiça brasileira silenciá-lo, estará tirando do Brasil um importante pedaço dessa trágica história.

O STF tem um longo histórico de concessão de habeas corpus a convocados por CPIs. É nesse precedente onde Pazuello se fia, afora a unanimidade jurídica de que a lei desobriga produção de provas contra si. Desde que a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com o pedido no Supremo, integrantes da CPI – o relator Renan Calheiros (MDB-AL) à frente -, têm argumentado sobre a relevância das respostas do ex-ministro. Não são favas contadas o STF aquiescer à solicitação verde-oliva. Lembremos que partiu, justamente, do tribunal a determinação para que o Senado instalasse a CPI. Por esse viés, soaria estranho um posterior entrave, vindo, exatamente, de lá.

Homem errado no lugar errado
O depoimento de Ernesto Araújo não é tão menos importante em relação ao de Pazuello. Afinal, ele deve boas explicações sobre a condução da diplomacia brasileira durante a pandemia. Especificamente, em relação à “China comunista” do ex-chanceler. São muito fortes os indícios de que o comportamento do ex-ministro travou ou, no mínimo, atrasou a aquisição de vacinas. Ele foi o homem errado no lugar errado. Nunca o Brasil precisou tanto de habilidosos ministros de Relações Exteriores e jamais esteve tão mal servido.

Efeito cloroquina
A oitiva de Mayra Pinheiro é particularmente interessante ao Ceará, onde a médica insinuou-se para a política – entrou pelas portas do PSDB de Tasso Jereissati e hoje orbita em torno do Podemos do também senador Eduardo Girão. A CPI vai querer saber, da ainda secretária de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde, detalhes sobre o uso de cloroquina.

Brasil dependente
A Fiocruz deverá interromper esta semana a produção de vacina anti-covid. Segundo a fundação, por falta de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), importado da China. Reacende-se, portanto, a discussão sobre a dependência tecnológica e científica brasileira. Nunca é demais lembrar que somos o único país relevante do mundo a não ter desenvolvido o próprio imunizante.

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