As lições de 2018 e a suposta polarização em 2022


Em 2018, há menos de um ano das eleições presidenciais, era muito pouco provável que se projetasse a eleição de um então deputado federal obscuro, abaixo do baixo clero, para presidente da República. A cobertura especializada e os institutos de pesquisas sequer levavam a ideia a sério. As principais forças políticas que almejavam o Palácio do Planalto, idem. Num partido nanico, sem dinheiro e pouco conhecido do grande público, Bolsonaro existia. Não o bolsonarismo. Somente meses antes do pleito, com a formação de uma tempestade com uma série de variáveis, acidentes e circunstâncias – prováveis e improváveis -, a onda veio. O resto da história todos conhecem.

A síntese acima é para dizer que no Brasil em que eleitores “indecisos”, “brancos” e “nulos”, somados, formam o bloco que lidera a corrida eleitoral durante a maior parte da campanha, beira a irracionalidade – ou esperteza política -, carimbar que a polarização é algo líquido, certo e irreversível para a disputa de 2022. Quem está no núcleo ou órbita de um desses pólos tem interesse que o cenário assim permaneça. E sempre estará pronto para combater a tese da terceira via. Em paralelo, passa a contar os meses e semanas para o dia da eleição. Mas isso configura um grande risco. No mar da política, ora calmo ora agitado, às vezes velejar não depende somente dos ventos.

No Ceará, poderá haver até quatro palanques competitivos
Independentemente de quantas candidaturas musculosas nacionais tenhamos em 2022, as atuais circunstâncias políticas no Estado do Ceará projetam até quatro vias eleitorais consistentes. Duas com representantes dos grupos melhor posicionados, na cotação do dia: lulismo e bolsonarismo. A terceira fará palanque para Ciro Gomes (PDT). A quarta poderá sair da costela do bolsonarismo, caso o nome hoje mais cotado, a preço de hoje o deputado federal Capitão Wagner (Pros), não assuma o ônus e o bônus de ser o “candidato do Bolsonaro” no Ceará.

A briga chega aos estados
No último comentário neste espaço a respeito da CPI da Covid, foi destacada a pressão sobre o Senado, que atua sob decisões do STF. Agora, 18 governadores foram à corte suprema do Judiciário brasileiro contra as convocações dos próprios. Há precedentes, inclusive mencionados aqui, de que o Supremo deverá vetar os requerimentos da comissão – nove deles já aprovados.

Um mistura muito perigosa
Lá atrás, os mais sensatos já previam que a mistura de judicialização da política com ativismo judicial poderia não terminar bem para o País. É muito provável que daí venha parte da animosidade do jogo, que cada vez mais corre o risco de deixar de ser democrático. A tensão nacional, e agora regional, com eleições no horizonte e uma CPI bombando, vai elevar muito a temperatura.

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