O fio da navalha que pode tirar Bolsonaro da corrida eleitoral de 2022

A facada sofrida pelo então candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (então no PSL), em setembro de 2018, foi a gota d´água na tempestade perfeita que levou o à época obscuro deputado federal à rampa do Planalto, em janeiro de 2019. Dois anos, dez meses e seis cirurgias depois do atentado, o mandatário volta a ser internado, intubado e sedado. Este escriba eleva a vida, saúde e dignidade humanas muito acima das miúdas, às vezes, insignificantes, querelas pelo poder. Feito o registro, e longe de ser ave de agouro, é justo supor que, dependendo da sequência de episódios e/ou situações médicas, o atual mandatário nem seja candidato à reeleição.

Não carece ser especialista em comportamento, com aprofundamento em conhecimentos verbais e corporais, para se deduzir que Bolsonaro é cabeça dura. Mas não é ingênuo nem parece ter queda para mártir, a la Trancredo Neves. Se o presidente não for inviabilizado, político ou juridicamente, até lá, ele pode sair candidato à reeleição. Por quê não? Até mesmo como método de defesa própria e dos supostos legados. Mas os sinais de estresse que emite, a partir, inclusive, da sangria da imagem própria e de seu governo, somados aos presságios que seus adversários têm, a partir da CPI da Covid, não seria espantoso se ele desistisse de concorrer.

Vácuo pode alargar terceira via
Como já registrado aqui, corre Brasil afora a tese de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), poderá sair candidato ao Planalto, pelo PSD. Seria a ocupação de um possível vácuo, deixado pelo hoje forte bolsonarismo? Enquanto a resposta não vem, cabe afirmar que é, exatamente, esse espaço, indo até ao encontro da raia com lulopetismo, à centro-esquerda, onde poderia se abrigar a terceira via. Com um projeto consistente, seria a mais larga faixa do espectro ideológico nacional. O restante, a campanha eleitoral trataria de resolver.

Recesso parlamentar e a CPI
O recesso do Congresso Nacional vai esfriar os ânimos da CPI da Covid? Provavelmente, não. Depois de duas semanas, sem depoimentos, mas debruçados sobre a emaranhada montanha de informações de que dispõem, os senadores poderão recomeçar, em agosto, com a temperatura lá em cima. Principalmente agora, com mais 90 dias de prazo.

Dinheiro, política, dinheiro
É milenar a complicada mistura de política com dinheiro. E parece que assim vai seguir, no Brasil, como se vê no multi bilionário fundo eleitoral, aprovado pelo Congresso Nacional, nos últimos dias. A lógica é simples: com mais recursos públicos, os partidos terão chances de fazer bancadas maiores – para terem acesso a mais dinheiro do fundo partidário.

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