Ciro Gomes e a busca da primeira via

Está virando lugar-comum a quase ansiedade política – e também jornalística -, pela já desgastante ideia de uma terceira via ao Palácio do Planalto, em 2022. Alimentada pela polarização vazia, insana, burra e com cheiro de estelionato entre Bolsonaro e Lula, o esforço de unificação de forças ao centro do espectro político nacional faz algum sentido. Mas, até certo ponto. A força da máquina do governo federal, de um lado, e do PT e suas costelas, do outro, tende a estreitar, cada vez mais, as margens de acerto para a construção de uma plataforma política viável. Em outras palavras, uma eventual e suposta terceira via pode ser candidata a terceiro lugar no ano que vem.

Há poucos dias, perguntado se era a terceira via, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi taxativo: “eu sou a primeira via”. O pedetista está correto. Pelo exposto acima e considerando-se o clima de dicotomia política acirrada no qual o País está mergulhado, a tendência é os pólos atraírem, cada vez mais, nichos da centro-esquerda e da centro-direita para as respectivas órbitas, esvaziando o próprio centro. Ou seja, a alternativa eleitoral entre o atual e o ex-presidente deverá ficar cada vez mais minguada. As movimentações macrorregionais e os pré-acertos suprapartidárias de Bolsonaro e Lula com potenciais aliados, cada um a seu estilo apontam, inclusive, nessa direção.

Duas tarefas cruciais
Na cotação do dia, a um ano da campanha e a quatorze meses das eleições, o cenário indica Bolsonaro e Lula no segundo turno. Há, portanto, duas cruciais tarefas políticas para Ciro: a mais contundente delas é saber qual dos dois será menos difícil substituir, para se habilitar ao confronto final. É o presidente, que a cada dia se enrola e sangra mais? Ou o ex-presidente, cujo passado pode levar o Brasil a, literalmente, olhar e dar passos para trás? A segunda tarefa do pedetista é, claro, vencer o mano a mano, mostrando que, efetivamente, representa a primeira via.

Sesa: Camilo resolveu não arriscar
A promoção do médico Marcos Gadelha à titularidade da Sesa é a vitória da sensatez. Nos últimos dois dias, intensas conversas e reuniões – presenciais e a distância -, cálculos políticos e ponderações baixaram à mesa do governador. A engenharia política chegou a considerar os arranjos para 2022. Com a gestão da saúde em evidência, Camilo Santana resolveu não arriscar.

BNB: perfil técnico, decisão política
Está elevada a temperatura nos bastidores das discussões que poderão definir quem será o próximo presidente do Banco do Nordeste – se Romildo Rolim segue à frente da instituição ou não. A decisão será a soma do perfil técnico, para o banco seguir na gestão exitosa, com os arranjos políticos – nos quais se destaca a força do PP e do PL. Rolim tem ambas as credenciais.

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