Sobre regras eleitorais, formas de eleição e perfis de deputado

Partindo-se do suposto de que o Senado vai ignorar a decisão em curso na Câmara dos Deputados que poderia devolver a possibilidade de coligação partidária para eleição de deputados estaduais e federais no ano que vem, voltamos ao modo cada um por si. Ou seja, a grande tendência é, no Ceará, serem eleitos para a Assembleia Legislativa os 46 candidatos mais votados e, para a Câmara Federal, os 22 com melhores posições na lista. Ou seja, quem tiver voto, entra; quem não tiver, fica de fora. Mantida a regra, será uma renovação gigantesca, independentemente da quantidade de mandatos, perfil parlamentar e vários outros diferenciais políticos.

Para ficarmos somente na aldeia, o Estado do Ceará dispõe, em seus quadros de deputados – estaduais e federais -, de nomes com projeção nacional, bons articuladores, representantes fortes e tribunos eloquentes. Assim como exemplares em estado puro do chamado baixo clero, sem expressão, bandeira zero e voz inexistente. Uns chegaram lá pela representatividade, histórico de competência e zelo pela coisa pública. Outros pegam atalhos via controle de partidos políticos ou montados em pequenas e médias prefeituras. Há, ainda, os que se dão bem por estarem à sombra de grandes gestões, terem feito as conexões políticas certas ou pela força do dinheiro.

Bom de parlamento, ruim de voto
É interessante notar e anotar que, nessa salada parlamentar – muito própria e até legítima, dada a diversidade dos nichos sociais – ser um deputado acima da média não quer dizer, necessariamente, ser bom de voto. Muito menos vice-versa. Em outras palavras, um candidato a deputado pode estourar de votos e decepcionar no mandato, enquanto outro, que entrou na repescagem da repescagem, figura entre as revelações da legislatura. Muito é uma questão de talento e sensibilidade política, o que nem sempre vem com o sobrenome ou bens declarados.

O peso – ou não – de prefeitos
É difícil definir o peso de um prefeito na eleição de deputado. Depende do tamanho do município, avaliação da gestão e reputação administrativa e política do próprio chefe do Executivo. Lembremos, ainda, que muitos estão de pires na mão. Sem falar na diferença entre a quantidade de votos prometidos e entregues e com quem e quantos candidatos são negociados os apoios.

Decisão tardia, mas com valor
Por último, mas também relevante, entra na eleição de deputado o tempo de decisão do eleitor. Historicamente, essa definição acontece na reta finalíssima da campanha, quando os rumos da disputa majoritária – governador e senador – estão bem encaminhados. É quando os candidatos parlamentares, antes figurantes, passam a ter valor – em vários sentidos da palavra.

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