2022: o dilema dos aliados nacionais nos arranjos estaduais

Da Coluna Erivaldo Carvalho, do jornal O Otimista, desta segunda/6:

Desdobramentos atuais e futuros do governo Bolsonaro ajudarão na definição de palanques / Reprodução

Dadas as atuais condições de temperatura e pressão, as eleições de 2022 deverão registrar uma das menores taxas dos chamados arranjos regionais. Certamente, haverá espaços para acordos de cavalheiros. Mas, em algum momento das negociações, os choques de interesse poderão inviabilizar definições. No Ceará, por exemplo, forças que estão na base do governo Bolsonaro, particularmente PSD e PP -, querem lugar à mesa principal de onde sairá a chapa majoritária para a sucessão do governador Camilo Santana (PT). São grupos relevantes, que de um lado ostentam musculatura no mapa de prefeituras municipais, e de outro têm portas abertas em Brasília.

Decidir de que lado ficar não é fácil. Até mesmo porque estar com um pé em cada canoa faz parte da essência – e até mesmo da sobrevivência de tais grupos. Controlar dezenas de prefeituras nos estados é um belo cartão de visitas no Planalto Central. Por outro lado, ter acesso livre à cúpula da República respalda os caciques em suas respectivas aldeias – por respeito ou necessidade dos governos locais. Em meio ao dilema, o bolsonarismo sangra. Muito atentos aos desdobramentos políticos e econômicos do Governo Federal, líderes nacionais do centrão já apontam graves adversidades para o atual presidente. Isso pode facilitar – e muito – as decisões por aqui.

7 de Setembro e o mundo animal
Na hora da briga, os animais são cheios de artifícios, em que espécies tentam parecer maiores e mais ameaçadoras. Há quem diga que predadores sentem o cheiro do medo que exala da presa – e que isso alimenta o instinto para o ataque feroz. Corta para os atos deste já famigerado 7 de Setembro. Bolsonaro e os seus rasgaram a seda do constrangimento e já não demonstram nenhum incômodo em atitudes criminosas, do ponto de vista institucional e democrático. Nossa sorte é que muitos deles posam de leão e até rugem. Mas, nas quatro linhas da lei, miam como gatinhos.

Brasília é nossa Hollywood
Revelações bombásticas, investigações cavernosas e viradas inesperadas. Tudo isso e muito mais está na CPI da Covid, uma produção genuinamente nacional e grande sucesso de crítica e de público. Como todo bom roteiro do tipo, não faltou o universalmente famoso “follow the money” e suas estripulias. Atenção plateia: segurem-se nas poltronas. Vem aí o gran finale.

Os dois pólos estarão no páreo?
Tudo somado e considerado até aqui, o bolsonarismo está se preparando para enfrentar o lulopetismo, que se prepara para enfrentar o bolsonarismo. E se um desses pólos, por algum motivo até agora não sabido, não estiver no páreo, em 2022? Como ficará o outro lado? Por uma dessas, poderá cair no colo da terceira via a melhor chance de chegar ao Palácio do Planalto. 

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