7 de Setembro, o dia que não terminou

Presidente subiu o tom das ameaças, aumentando a aposta política / Reprodução

Esta quarta-feira deveria ser um dia como outro qualquer. Um pós-feriadão nacional, em contagem regressiva para mais um final de semana. Em circunstâncias normais, a maioria retomaria a vida cotidiana no trabalho, estudo e lazer. Mas, lamentavelmente, não é um 8 de setembro como tantos já vividos. As circunstâncias não estão normais. Para os mais dramáticos, o Brasil acorda com o machado do golpe político sobre o pescoço de suas instituições. Notadamente, do Supremo Tribunal Federal, a cúpula de um dos Poderes da República, que ontem, Dia da Independência, foi caçado, mirado e alvejado por quem, pelo império da lei, deveria protegê-lo.

Conforme O Otimista mostrou ontem, muito mais do que a efeméride do 7 de setembro, esta terça-feira seria um divisor de rumos do País, em termos políticos. Em síntese, este jornal disse que o tom do discurso do chefe do Executivo e, a partir daí, as respostas dos demais Poderes, montariam o resultado do teste a que a nação se submeteria ao longo das próximas horas. A marcha golpista veio.  Inclusive, com o impactante anúncio, na micareta de Brasília, da convocação do Conselho da República – uma previsão constitucional para situações de crises agudas e impasses profundos. O que acontece agora? A resposta está com os outros dois poderes – Judiciário e Legislativo.

Pelo voto ou via força bruta
Democracia em uma nação relevante como o Brasil não é brincadeira de ciranda. Neste 7 de Setembro, foi para as cucuias o último resquício de dúvidas de que o bolsonarismo tem um plano político pragmático, com o claro objetivo de permanência no poder, não importando para isso os mecanismos a serem utilizados. Lá, no início, vislumbrava-se a via eleitoral, algo cada vez mais difícil para um presidente que sangra em praça pública. Os sistemáticos ataques revelam que, sem voto suficiente, o presidente escolheu a opção da força bruta. Para ele, os fins justificam os meios.

A crise consolida trincheiras
Bolsonaro segue pregando para convertidos. A estratégia é conhecida: manter a massa da bolha eletrizada, de onde pretende tirar musculatura para seguir no poder. Na outra ponta, políticos de proa de todo o País foram às redes fazer coro à defesa da democracia. Alguns mais, outros menos, mas todos ciscaram para dentro das próprias trincheiras. Faz parte do teatro da guerra.

Enquanto isso, no Brasil real…
O desemprego aflige famílias, a inflação corre o poder de compra do brasileiro, a economia dá sinais ainda tímidos de recuperação, ainda não há luz no fim do túnel da pandemia de covid-19 e estamos em crise de energia elétrica, entre outros graves gargalos da vida real. Essa deveria ser a pauta política, de preferência liderada pelo presidente da República.

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