País do presente

Na primeira metade do século XX, Stefan Zweig escreveu o livro que viraria bordão: “Brasil, País do Futuro” / Reprodução

Chega a ser surreal um país como o Brasil, com tantos potenciais, de um lado, e tantos problemas, do outro, com uma classe política no meio, pouco operante para fazer a conexão entre uma ponta e outra. Essa limitação é histórica, mas ganha, cada vez mais, contornos acima da média. Há uns seis anos, para não irmos muito longe, o País patina entre uma crise e outra. Primeiramente, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, seguido do cansado governo de Michel Temer (sim, ele voltou!) e o processo de radicalismo, que somado a outras variáveis gerou a eleição de Jair Bolsonaro. Desde então, uma contínua instabilidade trava ainda mais a agenda nacional.

Não deveria ser assim. Ufanismo à parte, temos riquezas naturais e humanas em escala planetária incomparável com qualquer outra nação. Com uma fração do que dispomos, países aparentemente inviáveis exibem-se para o mundo. Os entraves, obviamente, são multifatoriais. É bem verdade, também, que alguns gargalos, no enorme estoque deles, estão em processo de melhoria. A educação, por exemplo. Mas tudo passa pela política. Ou melhor, pela forma como os brasileiros interagem com a dinâmica que resulta na escolha de gestores e representantes nos parlamentos. Talvez esteja aí a chave que precisa ser virada, para deixarmos de ser um país do futuro e virar o país do presente.

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