O sofisma da liberdade de expressão bolsonarista

Pandemia de covid-19: informação isenta e de qualidade salva vidas / Rovena Rosa/Agência Brasil

A CPI da Covid vem contribuindo para muito além da responsabilização política e criminal das ações e omissões do presidente Bolsonaro e seu entorno, no desastroso manejo da pandemia de covid-19. É impossível chegar a um número. Mas salvou milhares e milhares de vidas brasileiras. Como? Ao alinhar o debate nacional contra o negacionismo oficial, promover protocolos de prevenção e pressionar o governo a adquirir vacinas. Não parou por aí. Pelo menos um outro aspecto foi evidenciado, notadamente ao longo do depoimento desta quinta-feira, quando sentou à mesa dos trabalhos o empresário Otávio Fakhoury, apontado como financiador de fake news.

O eixo central do depoente foi a liberdade de expressão. Sob este mantra, o bolsonarista justificou o ataque ostensivo aos esforços para conter o vírus, para isso estimulando e bancando conteúdos mentirosos na internet que, no conjunto e na contramão da CPI, devem ter levado muitas pessoas à morte. Tragicamente oportuno, o debate remete ao artifício que orienta o governo e sua gigantesca máquina de propaganda – a maior do País. Como as circunstâncias vêm demonstrando, trata-se de um sofisma fatal. Como diria Montesquieu, “liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem” – o que, obviamente, inclui a defesa da vida – o maior dos direitos humanos.

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