Rússia versus Brasil: considerações sobre apego ao poder

Tudo somado, Vladimir Putin pode ficar no poder por mais de 30 anos / Divulgação

Autocrata é o sujeito político que exerce sua força de vontade e convicções pessoais sobre um povo ou nação. É uma espécie de personalidade do próprio sistema. Em regra, tem poderes absolutos, sustentados por subterfúgios constitucionais ou delegados pelo partido. Proferido por vários líderes políticos mundiais, o termo veio à tona, nos últimos dias, associado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, algoz da vizinha Ucrânia e há uns vinte anos no comando do país -, com possibilidade de ficar por lá até 2036. Nesse contexto, a situação russa passa muito ao largo do cenário brasileiro, cujas instituições democráticas, mais ou menos firmes, vêm resistindo aos testes de estresse.

Feitas tais considerações, a saga russa recente encontra aderência em uma dos mais conhecidos axiomas da democracia: a necessidade de alternância de poder. Grupos ou pessoas são, por natureza, apegados ao que conseguem ou conquistam. Levado à política, isso significa que quase todos que são eleitos não querem mais sair dali – e quando saem, querem voltar. Isso vai do micro e insignificante mundo do cotidiano ao comando de potências nucleares.

A olho nu, pode-se dizer que o Brasil, por enquanto, não corre o risco de poder autocrático. O ex-presidente Lula, com 76 anos de idade, não conseguiu construir uma liderança nacional minimamente capaz de seguir seus passos – a tal da herança política. E, para a sorte do Brasil e azar de Bolsonaro, o atual presidente da República não tem controle sobre o partido ao qual é filiado nem tem ascensão sobre um grupo político consolidado, historicamente, com aliados dispostos a pularem antes dele.

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