Governo Camilo: a história que começa a ser contada

Izolda Cela será governadora do Estado, a partir deste sábado, 2 de abril / Governo do Estado

E assim chegamos a esta sexta-feira, último dia útil do governo Camilo Santana (PT) – para amanhã está reservado somente o ritual de passagem de comando no Executivo Estadual. Nos últimos sete anos e três meses, o Ceará trilhou um roteiro caprichosamente imprevisível, com incalculáveis prejuízos humanos e materiais. Poucos ciclos administrativos foram atravessados por forte estiagem, motins da PM, ataques de facções criminosas, pandemia e, para gran finale, conflitos geopolíticos e crise econômica.

Para não repetir a lista de resultados que as gestões Camilo apresentam ao Ceará – essa não é a proposta deste espaço e o governo já faz isso muito bem –, pode-se dizer, grosso modo, que Camilo entrega o Estado do Ceará à sucessora, Izolda Cela (PDT), melhor do que recebeu, de Cid Gomes (PDT). Ou, como queiram, o petista conseguiu consolidar e ampliar as bases que herdara do antecessor.

Mas essa é outra história. Parte dela será contada nos próximos meses, ao longo da campanha eleitoral, na versão com emoção, pelos aliados e adversários do grupo que atualmente está no poder. A propósito, teremos um Camilo, sem a caneta, pedindo voto para si e seus candidatos – a governador e presidente da República. Obviamente, esse não é o melhor parâmetro, mas nos dará uma boa ideia de quanto seu governo foi bom ou ruim.

A marca de Cid Gomes
Camilo Santana deverá tirar um tempo para descansar. Voltará ainda na pré-campanha, ativo que será – espera-se –, nas discussões internas que afunilarão a escolha do candidato pedetista à sucessão da futura governadora Izolda. Depois, virá a parte igualmente relevante: conseguir as vitórias eleitorais que planeja. O petista e o senador Cid Gomes (PDT) são personagens políticos distintos. Ainda é cedo e interessa pouco ao debate político a comparação entre os dois. Mas, para constar: Cid foi eleito governador em cima de um candidato à reeleição, foi reeleito, fez o sucessor e foi muito bem votado para o Senado.

A casa política do Ceará
Sinal dos tempos, sedes partidárias deixaram de ser locais de peregrinação de filiados e discussões políticas. No Ceará, os eventos mais relevantes desse segmento passaram a ser organizados na Assembleia Legislativa. Existem, claro, questões ligadas à logística, localização, cobertura da imprensa e outras facilidades. Mas, sobretudo, o simbolismo de que o Legislativo é, por natureza e finalidade, o Poder mais aberto e acessível.

Mais um para a conta
Daniel Silveira, o deputado-segurança porta de boate, é o mais novo entornozeleirado do Brasil. Não, exatamente, como planejou, teve a atenção que buscava. Colheu, pelas linhas retas da lei, o desfecho que merecia. Foi mais um, por assim dizer, a quem se aplica a máxima “não há regras sem boas armas”. Foi só a Justiça tocar no órgão mais sensível do corpo humano – o bolso –, que ele fez o óbvio: mostrou a canela.

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