CPI da Covid segue no Senado. Enquanto isso, na Câmara dos Deputados…

Há alguns dias, reconhecemos aqui o trabalho da Câmara dos Deputados, que a despeito de estar, atualmente, em segundo plano na evidência pública, tendo em vista a midiática CPI da Covid, que se desenrola na Casa ao lado, tem seguido produtiva – para a média dos dois anos anteriores. Tem puxado para si a tarefa reformista de que o Brasil precisa. Mas a baixa exposição também tem seus efeitos colaterais. Longe dos olhos do grande público, deputados federais, em regra, ficam mais desenvoltos para propor ou dar prosseguimento a matérias que nem sempre estariam dispostos a fazê-lo sob os holofotes, diante de microfones ou quando objeto de hashtags.

Vejamos um exemplo que ilustra a situação. Nesta semana, os parlamentares poderão acelerar a votação do projeto de lei 10.887/18, que vem a ser um novo conjunto de regras sobre improbidade administrativa. Em um dos pontos fundamentais, o relator da causa – justa aos olhos dos parlamentares, mas caro à sociedade brasileira -, está propondo a possibilidade de o crime ser considerado somente em casos de dolo. Num item mais específico (artigo 11) poderão deixar de ser enquadrados na tipificação “ações ou omissões ofensivas a princípios da administração pública” quando não implicarem em “enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário“.

Sobre a não coincidência em política
Há uma velha lição na crônica política, segundo a qual tatu não sobe à mesa. Se o animal está lá, alguém colocou. No caso concreto da tentativa de flexibilizar a lei de improbidade administrativa, registre-se que o relator da proposta é o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Ponto dois: as mudanças, apresentadas em 2018 e paralisadas nos dois anos seguintes, retomam a tramitação, justamente, quando a Câmara é presidida por Arthur Lira (PP-AL), o reconhecido professor de pragmatismo, quando estão em jogo interesses no mínimo polêmicos.

Por que Ciro ataca Lula
O PT insiste na tese de que Bolsonaro é adversário comum dos petistas e ciristas. Isso, para contestar os ataques do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ao ex-presidente Lula. É verdade. Mas o pedetista precisa abrir espaço, na tentativa de quebrar a polarização. E sabe que a fatia do eleitorado dele comunica-se muito mais do centro para a esquerda do que do centro para a direita.

Da série acredite se quiser
Eis que já circulam em grupos, perfis e correntes as famigeradas listas de deputados estaduais e federais “já eleitos”. Altamente contaminados por interesses paroquiais, os rankings têm a consistência de um risco na água. Fazer prognóstico a partir de quantos votos um pretenso candidato tirou na disputa para prefeito municipal é desconsiderar quase todas as variáveis.

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