Incertezas do presente fazem Lula reforçar passado

Governo manifesta apreensão com crescimento discreto / Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Com narrativas tentando se impor aos fatos, o tempo da política torna-se cada vez mais relativo e passível de manipulação. A eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi, basicamente, o uso desses filtros seletivos. As peças da campanha remetiam aos anos áureos dos primeiros ano de governo, há duas décadas. Todo o restante foi escondido ou minimizado.

Agora, que a realidade econômica bate à porte e o Planalto tem pouca margem de manobra para fazer entregas, próceres da gestão requentam a retórica de que o País foi entregue em frangalhos.

Muito conhecido, esse tipo de vacina funciona em dois aspectos – quando funciona. No primeiro caso, pode servir para contrastar cenários – o famoso antes e depois do governo de plantão. No segundo – e é esse o diagnóstico já captado dentro e fora do governo petista –, é a necessidade de uma retórica que remeta o Brasil de Bolsonaro a algo próximo a um desastre completo e absoluto. Ou isso ou o governo ficará sem discurso para explicar o crescimento pífio.

Já na seara política, muito indica que a estratégia seguirá sendo a apropriação da defesa da democracia versus os atos de 8 de janeiro. A questão é saber até onde este último ponto se sustenta, se a economia, efetivamente, não melhorar.

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