Afinal, o Partido dos Trabalhadores tem dono ou dona?

Em foto de arquivo, Lula, Luizianne e Elmano / Ricardo Stuckert/Divulgação

Não é uma pergunta retórica. E ganhou muito sentido nos últimos dias, quando a temperatura interna do partido subiu alguns graus, em torno dos rumos da sigla na sucessão do prefeito José Sarto (PDT).

Pré-candidato, o governador em exercício, Evandro Leitão (sem partido), ocupou o máximo de espaços possível. No lançamento oficial de seu nome, Luizianne Lins disse que “o PT não é um partido de aluguel”.

A fala da ex-prefeita tenta passar a tramela atrás da porta da legenda, por onde Evandro quer entrar e disputar a Prefeitura de Fortaleza.

Ato contínuo, a deputada Larissa Gaspar, também pretendente, afirmou que “o PT não tem dono e nem dona”. A “dona” a que Larissa se refere parece ser Luizianne.

E o “dono”? A rigor, “donos” aponta para o ministro Camilo Santana, o governador Elmano de Freitas e o deputado José Guimarães.

Voltando à pergunta-título: os incautos diriam que os donos do PT é a militância. Bobagem. O partido tem seus méritos, mas o assembleísmo petista é coisa do passado.

Manda no PT, aqui e alhures, quem tem voto e/ou controla a burocracia. Estamos falando, portanto, de gente da cúpula.

É de onde sairá o nome do(a) candidato(a) a prefeito de Fortaleza. É legítimo. Não há problema nisso. A questão é saber quem manda mais.

Decisão traumática poderá repercutir na campanha

Com pouco diálogo e muita movimentação, o PT poderá sair mais rachado do que entrou nessa fase da pré-campanha em Fortaleza.

O Palácio do Bispo, sede da PMF / Divulgação

Caso as projeções sejam confirmadas, isso significará um lado muito engajado e comprometido com a candidatura a ser definida – e outro fazendo corpo mole.

Ou mesmo pedindo voto para algum candidato que não seja o oficial. Foi mais ou menos isso o que aconteceu, há exatos 20 anos, quando Luizianne foi eleita.

O histórico PMF x Estado

Desde a redemocratização, nos anos 80, Fortaleza teve dez eleições para prefeito.

Maria Luiza Fontenele, Ciro Gomes, Antonio Cabraia e José Sarto (1x) e Juraci Magalhães, Luizianne Lins e Roberto Cláudio (2x).

Em somente um o grupo político do Governo do Estado ganhou do alojado no Paço Municipal: em 2012, Roberto Cláudio, apoiado por Cid Gomes, derrotou Elmano de Freitas, o candidato de Luizianne.

Mais: os prefeitos sempre se reelegeram e nenhum deputado federal ganhou uma disputa. É a história.

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