Fatura financeira já chegou, mas risco maior é dívida política

O Palácio do Planalto, sede do Governo Federal / Wilson Dias/Agência Brasil

No quinto mês de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não passou no primeiro teste político no Congresso Nacional – não por falta de testes.

Lá estão projetos e outras pautas importantes, a exemplo do novo arcabouço fiscal e a CPMI dos atos de 8/1.

O único placar favorável ao Planalto até aqui foi a aprovação da PEC da Transição – na legislatura anterior. O projeto de lei que regulamenta a atuação das big techs não conta.

O próprio governo distanciou-se da polêmica e ajusta o discurso, para justificar a retirada de pauta, ocorrida nesta terça-feira (2).

Independentemente da falta de articulação, porém, a fatura pelo apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) ao governo Lula começa a chegar.

Neste último feriadão, o alagoano entregou um duro recado ao petista: os parlamentares querem emendas e não somente espaços no governo. Dito e feito. Nas últimas horas, foram liberadas verbas para deputados e senadores.

Já se foram três dos cinco meses e meio do primeiro semestre legislativo. Daqui a pouco virá o recesso. Ansioso para ver o governo acontecer, Lula precisa construir sua base.

Será o pior dos mundos patinar nas promessas e seguir refém do presidente da Câmara. É o tipo da dívida política que emendas do Orçamento não conseguem cobrir.

Fake news I
A retirada do projeto de lei que tenta regular a atuação das big techs, combater fake news etc, nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, foi uma saída honrosa para o governo. Na prática, o Planalto viu que não tinha voto. Vai, provavelmente, reagrupar a tropa e voltar à batalha. Atenção: a matéria está em regime de urgência – tem rito diferenciado.

Fake news II
A retirada do projeto das fake news não é vitória da oposição nem derrota para o governo. Mas se pode dizer que quem ganhou foram as forças que querem mais debate e perdeu quem quis atropelar o processo. Contudo, em termos nominais, os presidentes Arthur Lira e Lula saem chamuscado do episódio – e vem mais pressão por aí.

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