Ninguém ganha e todos perdem com ataques em Brasília

A Capital da República, num previsível dia de fúria / Camargo Corrêa/Agência Brasil

As terríveis cenas da tarde deste domingo, em Brasília, correram o mundo. Com elas, foi-se um pouco mais da já frágil imagem do País lá fora.

A repercussão internacional chegou a colocar em dúvida a estabilidade democrática e institucional brasileiras.

O movimento revelou a preocupação com a manutenção do governo eleito, com uma semana de empossado e ainda em construção.

Vários líderes mundiais manifestaram-se a favor de Lula. É um dique de contenção, para que não avance a ameaça real ao governo posto.

Estamos diante de graves prejuízos – objetivos e simbólicos, políticos e econômicos -. a uma nação que tenta se reapresentar ao mundo.

A insanidade cometida em Brasília acontece praticamente no aniversário de dois anos da invasão do Capitólio (EUA), por seguidores trumpistas.

Repercussões
Intervenção federal, queda de secretário de segurança, confronto policial, prisões e repúdios são alguns dos desdobramentos no Brasil.

Por ora, parte dos extremistas estão sob controle. Mas, afora o engajamento das imagens de quebra-quebra nos Três Poderes, não avançaram um milímetro.

Pelo contrário. No curto, médio e longo prazos, perderão apoio e espaço. O Brasil fora da bolha não aceita ao que assistimos.

Oposição. Em face das cenas reprováveis, os segmentos políticos antilulopetistas terão muito mais dificuldades de atuação nessa linha.

Governo. Lula recebeu o Brasil rachado. Se o processo já era de difícil condução, agora ficou delicado, em tendência crescente.

Governos democráticos não costumam prosperar no radicalismo. Mesmo assim, o presidente Lula dobrou a aposta e jogou a culpa no governo anterior.

O petista não tinha muita escolha. Até por uma questão de responsabilidade política, teve de intervir.

Omissão e empurra-empurra
Há algo muito fora do lugar nas forças de segurança no Distrito Federal. Como ninguém conseguiu prever o vandalismo?

O Distrito Federal, onde fica Brasília, funciona como uma espécie de estado. Cabe ao governo local a responsabilidade direta.

Onde estava a bem treinada Polícia Militar do governo Ibaneis Rocha?

Onde estavam as polícias Federal, Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança?

O ministro da Justiça, Flávio Dino, e o da Defesa, José Múcio Monteiro, minimizaram a tensão em curso. Em qual Brasil eles estavam?

A coreografia dos últimos dias apontava para o espetáculo dantesco. O dia de fúria chegou. Tragédia histórica anunciada.

Agora, a maioria vai querer conter os danos ou faturar, politicamente, num cenário político de saldo zero. Todos perderam.

Por último, por ser o mais óbvio ululante sobre o que tem de acontecer: lei, lei e lei para todos – nas omissões e nos excessos.

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