A forte reação policial, jurídica e política ao que aconteceu no último domingo (8), na Capital da República, está apenas no começo.
Os atos foram muito graves – e como tal receberão o tratamento adequado das instituições e opinião pública brasileiras.
Há várias frentes de desdobramentos, podendo, no limite, alterar, profundamente, o jogo do poder no País. Vamos lá.
Na cotação do dia, são nulas as chances de o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), não ser alcançado e responsabilizado.
Na lista das sanções estão a indisponibilidade de bens, possibilidade de prisão e até mesmo a cassação dos direitos políticos.
Opções na praça
Na hipótese de o ex-mandatário ser retirado da pista, outros personagens ocuparão a raia do espectro hoje chamado de bolsonarismo.
Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS) e Romeu Zema (Novo-MG) já são citados.
A depender, claro, dos resultados de gestão e da remodulação das narrativas – provavelmente, numa versão moderada.
O fato é que a ideologia de direita e ultradireita, no Brasil, precede e é maior do que Bolsonaro. Há um vácuo a ser preenchido.
Nova dinâmica
Os ataques orquestrados dos vândalos gerou inédita sintonia entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso vai gerar uma nova dinâmica.
Será outra a relação do Planalto com Senado e Câmara dos Deputados – e desses três entes com o Supremo.
A nova ordem política nacional, a partir de Brasília, também deverá chegar a estados, assembleias legislativas e grandes centros urbanos.
Em crises do tipo, sempre há quem esteja no lugar errado ou no lugar certo. Significa que o sobe-e-desce de personagens será inevitável.
Outra estratégia
A propósito disso, o presidente Lula vinha dando todas as senhas de que o ex-presidente Bolsonaro seguiria como inimigo público nº 1 do PT.
Com o quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes, torna-se um problema a iminente retirada de cena do homem que deu cara e conceito ao antipetismo.
Para lembrar: em 2022, o petista escolheu Bolsonaro como adversário, que escolheu o hoje presidente como arquirrival.
Ou seja, os ataques às instituições poderão mudar a estratégia até do próprio grupo que ocupará o Palácio do Planalto – quando este for recuperado.