O pacote de Elmano Freitas e as críticas de Roberto Cláudio

Aumento de ICMS deverá puxar preço de combustíveis / José Cruz/Agência Brasil

Governar é tomar decisões. Para isso há as eleições. Fazer oposição é levantar contrapontos, colocando-se como alternativa futura de poder.

Nesse sentido, o governador Elmano de Freitas (PT) está nas suas atribuições, ao enviar pacote de medidas administrativa, fiscal e tributária à Assembleia.

Está, igualmente, legitimado o ex-candidato ao Palácio da Abolição, Roberto Cláudio (PDT), que foi às redes pontuar críticas às iniciativas do petista.

O que o governo quer
Em síntese, Elmano mira em dois objetivos:

O primeiro é esticar o lençol financeiro. A costura se dará por aumento de imposto, redução de gastos e aquisição de empréstimo – três clássicos.

O segundo foco é político: o governador precisa acomodar aliados. O meio mais simples, outro método conhecido, é turbinar o organograma do Executivo.

Nos documentos protocolados na Casa, há pontos polêmicos e algumas aparentes contradições.

Subir ICMS aumenta a carestia, pressiona a inflação, baixa o consumo e impacta o setor produtivo.

Ampliar a máquina para abrigo político não costuma rimar com austeridade. Pelo contrário.

Fazer mais empréstimos para rolar dívida é como entrar no rotativo do cartão de crédito.

Razões governamentais
Ao decidir pelas medidas, o chefe do Executivo Estadual, por óbvio, avalia que os resultados podem compensar os efeitos colaterais.

Com vacas magras, governos costumam cair na mediocridade, baixar investimentos e não cumprir promessas de campanha.

Há uma série de grandes desafios – social, saúde, educação etc – que martelam o atual governo. Sem dinheiro, quase nada sairá do lugar.

A cara da oposição
Voltando a RC. Ao criticar as medidas, o ex-prefeito de Fortaleza tenta se consolidar como o rosto mais visível da oposição ao governo.

É, inclusive, possível que a fala do ex-candidato ecoe na Assembleia, a partir de deputados opositores ou ditos independentes.

No Legislativo Estadual é aguardado um bom debate sobre os projetos do pacote de Elmano.

Será um início ruim para a atual legislatura se os parlamentares não se debruçarem sobre matérias que mexerão com todos os cearenses.

Os “poréns”
Mas há alguns “poréns” na fala de Roberto Cláudio.

Entre eles: quais os caminhos alternativos aos encaminhados pelo governador? Seria de bom alvitre o ex-prefeito de Fortaleza ter sinalizado nessa direção.

Outra questão: estamos a pouco mais de um mês da instalação do novo governo – embora seja visto como espécie de continuidade do anterior.

Não seria sensato aguardar um pouco, dando ao governador o benefício de suas declaradas boas intenções?

Ao ir às redes, RC usa o espaço da fala que os eleitores cearenses lhe concederam – o da oposição. Está correto.

No entanto, é sempre pisar no fio da navalha fazer críticas a um governo recém-empossado.

Sempre haverá o risco, num bom cenário, de ansiedade política e, num ruim, de ressentimento eleitoral.

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