Anotações sobre o 1º debate do 2º turno presidencial

Embate sintetizou as estratégias de cada campanha / André Ribeiro/Folhapress

Deu empate no debate da noite deste domingo (16), promovido pela Band e outros veículos, entre o ex-presidente Lula (PT) e o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

O petista ganhou o 1º bloco, e o candidato do PL, o 3º. Ambos os trechos do programa foram no formato banco de tempo. Ou seja, contagem regressiva à medida em que se fala. O modelo veio para ficar.

O bloco do meio, com longas e modorrentas perguntas de jornalistas, não alterou o resultado final. Mas serviu para reforçar a ideia de que esse recurso em embates está superado.

Ninguém tirou ou virou voto de ninguém, ontem à noite. Essa é a média das leituras equilibradas do pós-debate. Nas bolhas, cada um vê, pensa e fala e o que quiser. O autoengano é livre.

No mérito, a verborragia e pontos já conhecidos, de ambos os lados, correram soltos. Ao final do encontro, ficou inconclusa a percepção de quem tinha sido melhor, se o corrupto ou o mentiroso.

Por detrás da tônica de ataque e contra-ataque do debate presidencial de ontem está a estratégia em curso de ambos os palanques, de ampliar a rejeição do adversário.

Lula pautou o primeiro bloco, encurralando Bolsonaro, sobre a covid, um dos pontos fracos do presidente. Retrancado, o mandatário demorou demais nas cordas do ringue.

No quesito o corpo fala, o petista também ganhou. Teve mais desenvoltura, ocupou o espaço físico, soube fazer o jogo de câmeras e pareceu bem mais solto e assertivo.

Com os braços cruzados para trás, Bolsonaro pareceu acuado e mais tenso. Um dos poucos momentos positivos foi quando botou a mão no ombro de Lula e o pediu para que ficasse ali, para ouvir.

Com 76 anos, Lula se atrapalhou com alguns números. Aparentemente, a idade e a intensidade da campanha afetaram a memória do candidato, que não soube gerir o tempo no 3º bloco.

Bolsonaro, que nunca foi um poço de eloquência, ontem patinou nas respostas, a maioria para se defender, e falou em círculo, perdendo vários ganchos e oportunidade para se vender.

A propósito de apresentação de propostas para o País, o debate de ontem à noite, na Band, frustrou quem aguardava algo do tipo. Foi uma síntese do maniqueísmo da disputa. É o que temos até aqui.

Na quinta-feira (27), teremos mais, na TV Globo.

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